Diz-nos o livro dos Géneses que “Deus abençoou o sétimo dia e santificou-o, visto ter sido nesse dia que Ele repousou de toda a obra da criação” (Gn 2,3); e no Novo Testamento, São Marcos refere que Jesus convidou os discípulos a descansar: «Vinde, retiremo-nos para um lugar deserto e descansai um pouco.» O evangelista comenta: “eram tantos os que iam e vinham, que nem tinham tempo para comer” (Mc 6,31).
Se no primeiro caso há, por parte do autor sagrado, uma intenção teológica e pedagógica, no segundo, é uma evidência para Jesus a necessidade de descanso. É certo que o Seu projecto, tal como Ele o tinha enunciado, acabou por não se cumprir, pois a multidão percebendo para onde iam de barco, antecipou-se, e, por terra, chegou lá primeiro que eles… Ao ver aquela multidão, Jesus “teve compaixão” e mudou os Seus planos: “porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,34)
No entanto, o que importa reter é que o descanso faz parte do projecto de Deus desde o início, pois dele precisamos para recarregar energias e continuar a nossa missão; e não só no que diz respeito ao corpo e à mente, mas também ao espírito. Afinal, precisamos de Deus para repousar e fazer a experiência feliz da sua ternura e misericórdia que nos reconfortam.
É verdade que, muitas vezes, os que podem ter férias – infelizmente ainda não é um bem acessível a todos –, nem sempre conseguem realizá-las como gostariam; e alguns chegam mesmo a dizer, ao terminá-las, que se sentem mais cansados do que quando as iniciaram…
Contudo, se bem aproveitadas e com algum planeamento, elas podem ser um tempo muito rico em todas as dimensões, física, psíquica e espiritualmente: o reencontro com familiares e amigos, o afastamento das preocupações e ritmos diários; o contacto com a natureza e a procura das coisas simples, ajudam-nos a serenar e permitem-nos um olhar contemplativo sobre o milagre da vida e a beleza da criação, que abrem portas para o encontro mais profundo connosco mesmos, uns com os outros e com Deus.
Em tempo de férias, há quem encontre tempo para ler um livro, que permite novas perspectivas sobre nós mesmos e a realidade envolvente; e há quem procure tempos fortes de encontro com Deus, em espaços espontâneos ou organizados (retiros) de silêncio e oração, para rever o caminho percorrido e a percorrer, agradecer a Deus os dons recebidos e reconhecer os caminhos bem e mal andados, na perspectiva de novas metas a atingir.
A todos, desejo bom descanso!
P. Armindo Janeiro
Retenho do texto ” O contacto com a Natureza e a procura das coisas simples”.
Como direi? Simplesmente verdade. Se olharmos à nossa volta verificamos que estamos mesmo como “ovelhas sem pastor”. Precisamos todos, o Mundo todo de descansar e retomar vida nova. Só assim conseguiremos ver uma nova terra, um Mundo Novo!
Caros amigos e companheiros, férias felizes
……Vamos aproveitar o verão e as férias para nos reconciliarmos com a Natureza, contemplando tanto encanto, tantas maravilhas, cantando e louvando o Criador, como Francisco de Assis. A todas as criaturas saudava como irmãs.
Abraço amigo e fraterno
Alfredo
Uma boa e convidativa reflexão sobre o fluir e o fruir da vida. Bem haja Pe. Armindo.