Este é o desafio do Papa Francisco à Igreja Católica e a cada uma das suas Igrejas locais, Congregações, Instituições, Movimentos e restantes organismos nos próximos dois anos, porque é sua convicção ser este o modo de viver em Igreja, que corresponde melhor à sua identidade mais profunda, e a forma de estar a que o Espírito Santo nos impele, neste início do terceiro Milénio.
Na verdade, esta sua iniciativa é um regresso ao espírito do II Concílio Vaticano, procurando levar mais longe o que até agora se vinha fazendo, actualizando o que implica “caminhar juntos” (sínodo) e pondo-o em prática…, sabendo, no entanto, “que é mais fácil dizê-lo do que fazê-lo”, reconhece o Papa!
O primeiro momento do caminho sinodal carateriza-se pela escuta: é o compromisso que o Papa assume de querer ouvir a todos, pedindo, para o efeito, que todos se ponham à escuta do que o Espírito Santo tem para dizer à Igreja… Por isso, lançou um inquérito, enviado pelo Secretariado Geral do Sínodo, para que o maior número possível de fiéis, comunidades, organismos e instituições da Igreja se possam pronunciar.
À sua diocese de Roma, o Papa declarava, no passado mês de Setembro, que o processo sinodal foi “pensado como dinamismo de escuta recíproca, conduzido em todos os níveis da Igreja, envolvendo todo o Povo de Deus, na escuta do Espírito Santo”.
Nesta primeira etapa, Francisco reforça a importância da fase diocesana, que vai até Março, por ser aberta à participação da “totalidade dos baptizados” e haver “muitas resistências a superar”, quer pelo modelo de Igreja que ainda nos governa, quer pelas inércias e rotinas instaladas.
E às paróquias da sua Diocese dizia: “se a paróquia é a casa de todos no bairro, não um clube exclusivo, recomendo: deixem abertas as portas e janelas, não se limitem a levar em consideração apenas quem frequenta ou pensa como vocês. Permitam que todos entrem… Permitam-se a vós próprios sair ao encontro e deixam-se questionar; que as perguntas deles sejam as vossas; permitam-se caminhar juntos: o Espírito os conduzirá”.
Por fim, Francisco afirmou que “fará bem à Diocese de Roma e a toda a Igreja” redescobrir “ser um povo que quer caminhar junto, entre nós e com a humanidade”.
P. Armindo Janeiro