Podemos definir o voluntariado como uma actividade inerente ao exercício de cidadania, traduzida numa relação solidária para com o próximo de forma livre e organizada. Comprometimento activo cujo tempo é gratuitamente disponibilizado para o bem comum. Deste modo, contribui para a solução de alguns problemas que afectam a sociedade e que os serviços públicos não resolvem. Nas instituições de solidariedade social, sem fins lucrativos, em muitos casos, os voluntários realizam tarefas que completam as dos profissionais. É visível que o voluntariado, enquanto fenómeno social, começou a ter uma importância crescente. Favorece o desenvolvimento das organizações não governamentais que realizam acções em substituição do Estado. Os designados serviços de proximidade são, por vezes, actividades que tradicionalmente eram asseguradas pelas famílias nas suas casas. Temos, como exemplo, a assistência aos idosos, a crianças e a pessoas portadoras de deficiência… Porém, com a evolução favorável das condições de vida, estas tarefas passaram a ser confiadas a pessoas profissionalmente qualificadas. Tendo presente os seus destinatários e em função da sua finalidade são diversos os serviços de proximidade prestados.
A realização de tarefas úteis, à sociedade em geral e às pessoas em particular, podem constituir, também, uma primeira experiência profissional, facultando ao jovem voluntário a saída do círculo restrito da escola e da família. As práticas de voluntariado, para além de proporcionarem a experiência profissional, como atrás foi dito, podem facilitar, também, o acesso ao primeiro emprego. Um estudo realizado em Portugal concluiu que os adolescentes consideram a prática do voluntariado muito importante para a sociedade. Os jovens devem manter o sonho de que podem mudar o mundo. Historicamente verificamos a elevada presença de acções de voluntariado, de cariz católico, em diversas áreas. Muitos jovens partem em missão sobretudo para a África. Era interessante conhecer a distribuição dos voluntários por grupos etários e classes sociais e quais as suas motivações; será por razões morais, sociais, religiosas? Testemunhei essa experiência, em alguns países de língua portuguesa, no contacto com missionários e missionárias e, também, com casais, com os jovens leigos para o desenvolvimento, os médicos sem fronteira e outros… São as missões católicas, criando creches, infantários, centros de acolhimento de crianças e jovens; escolas técnico-profissionais; centros de promoção humana.
Instituições sociais servidas pelo voluntariado de mulheres e homens, religiosos e leigos, como “sementes de Esperança”, em comunhão com os mais pobres e excluídos. A Igreja Católica é a Instituição que mais serviços presta no âmbito da solidariedade social, nomeadamente em África, mas também em Portugal e em países de outros continentes, principalmente onde prevalece a violência da guerra, da fome e, também, a das alterações climáticas. A propósito, realço, aqui, a Fundação AIS – Ajuda a Igreja que Sofre – a celebrar, em 2025, os seus 30 anos de presença em Portugal; a Caritas, UNICEF, Cruz Vermelha, Médicos do Mundo, Banco Alimentar contra a Fome, e outras… No nosso país, tantas são as Organizações não Governamentais, nascidas da sociedade civil, de âmbito local, regional e nacional, da Igreja Católica, cujos membros são voluntários, prestando relevantes serviços aos mais carenciados: a crianças, idosos, doentes, portadores de deficiência, imigrantes, refugiados, às famílias e pessoas sem-abrigo. Recordo, mormente, com elevado apreço, aqueles voluntários que todas as noites distribuem refeições quentes, com palavras amigas e gestos solidários, aos ”descartados” que vivem e dormem nas ruas frias das nossas cidades….
Ser Voluntário é ter sensibilidade social, sentido de missão e os baptizados, identidade cristã.
Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)
Meu amigo Alfredo, fazes uma excelente dissertação sobre o tema. Bem pensado e bem escrito. Nem mais!
E já agora, lanço-te um repto para estenderes a reflexão, e a partilhares connosco:
Quando as soluções para tornar a vida digna, falham, nas políticas dos governos que, entretanto, como bandeiras, têm chamado a si o controle dessas situações (controle que fazem questão de continuar a fazer, mesmo quando são levadas a diante por pessoas ou instituições que não têm nada a ver com política), há uma esperança que transforma o mundo e faz a diferença: a solidariedade. Eo voluntariado faz parte desse movimento maior das comunidades.
Curiosamente, os governos têm-se apropriado do termo “Solidariedade”, redistribuindo o que nós financiamos com impostos – o que lhe compete, e bem – mas que em bom rigor não se trata de solidariedade, mas de redistribuição, até porque a cobrança para essa redistribuição é obrigatória (forçada, se quisermos).
Então, isso torna o termo SOLIDARIEDADE ambíguo, misturando o que o Estado redistribui, não sendo seu; e o esforço e doação material, afectiva, pessoal, de pessoas ou comunidades que, simplesmente, dão de si, cumprem um desígnio pessoal de ajuda que envolve humildade, compaixão, entrega, amor.
Os Cristãos têm um termo muito apropriado para designar isto, muito anterior ao moderno e utilitário conceito de Solidariedade, que é: CARIDADE.
Queres discorrer sobre isto e partilhar connosco?
Um abraço, e parabéns.
Olá Alfredo
Gostei do teu artigo: está simples , claro e comprido quanto baste. Gostava de o publicar na revista do Centro Social da Trofa em que sou voluntário. Autorizas-me a fazer isso?
Se sim manda-mo por email.
Obrigado e um grande abraço
Olá, caro amigo e companheiro, saudações fraternas
Claro que sim. É uma honra saber que avaliaste positivamente o artigo. Preciso, para o efeito, que me envies o teu mail.
Abraço amigo
Alfredo