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Quarta-feira, Dezembro 04, 2024

[:pt]Oito séculos da presença franciscana em Portugal e no mundo .[:]

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MEMÓRIA E VIVÊNCIA….

A Família Franciscana Portuguesa iniciou em Junho de 2017, em Coimbra, as comemorações dos oitocentos anos da presença dos frades menores em Portugal. Depois, em Outubro, seguiram-se as “Jornadas” na Universidade Católica do Porto, encerrando-se, nos fins de Abril de 2018, com diversas actividades realizadas, durante 4 dias, de grande brilho espiritual, social, cultural e académico, na área do Patriarcado de Lisboa.

A  par das “Jornadas de Estudo”, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, cuja organização foi da responsabilidade directa do Centro de Estudos de História Religiosa, visitámos o Convento da Arrábida(Setúbal); reanimou-se o histórico Capítulo das Esteiras; partilhámos o almoço no Seminário da Luz, seguido de comunicações sobre os frades “arrábidos” e a arquitectura das Igrejas Franciscanas, no Centro Cultural Franciscano. No último dia efectuaram-se visitas aos conventos de Mafra e Varatojo (Torres Vedras). Convento Real, fundado por D. Afonso V, cumprindo o voto feito a Santo António por o ter ajudado na reconquista cristã do Norte de África. Convento carregado de história e de austeridade;  espaço de recolhimento e sossego, casa vocacionada para acolher os irmãos noviços e que, decorridos alguns séculos, os frades menores continuam a manter, a animar e a partilhar a mensagem franciscana de Paz e Bem. Foi com este espírito da “graça das origens” que também acolheu fraternalmente, na tarde chuvosa de 28 de Abril, o povo anónimo, autarcas da região e o Senhor Presidente da República. Reconhecendo a enorme importância espiritual, social e cultural da presença dos franciscanos no nosso País, principalmente nas missões religiosas populares, na pregação, na formação e educação de crianças e jovens e das populações em geral, o Senhor Presidente, Professor Marcelo Rebelo de Sousa, no encerramento das comemorações, atribuiu a merecida condecoração `a Ordem dos Frades Menores de Portugal.

“Vendo o nosso bem-aventurado Pai Francisco, como o Patriarca Jacob, que o número das pessoas que o seguiam crescia e que a sua descendência se multiplicava como as estrelas do céu, desejando, conforme a revelação que lhe tinha sido feita, que fosse levada através dos seus filhos às quatro regiões do mundo e que a grande árvore da sua Ordem estendesse os seus ramos até aos confins da terra, num Capítulo Geral, enviou os seus frades por todos os países do mundo, nos quais se professava a fé católica”.

…E foi assim que Francisco de Assis sentindo-se chamado a viver na pobreza e a dedicar-se à pregação, em 1217, reunindo os seus frades, em Capítulo, os enviou pelo mundo e suas periferias.

Entre os enviados, vindos de Itália, chegaram a Portugal Frei Gualter e Frei Zacarias, fixando-se, respectivamente, em Guimarães e Alenquer. Daqui irradiaram, depois, para outras paragens, designadamente para o Sul e Oeste, mas também para Coimbra, Porto, Bragança e outros lugares do Norte. Nestas últimas “Jornadas de Estudo” que decorreram, como disse, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, alguns historiadores e investigadores versaram este tema, assim como o da expansão por outras partes do mundo.

De Frei Gualter, o frade do povo e pelo povo canonizado, patrono da cidade de Guimarães, dando, mais tarde, origem às grandiosas festas da cidade, as “Gualterianas”, tive ocasião de apresentar um pequeno trabalho nas referidas “Jornadas do Porto”. Para tal, fui generosamente convidado pelo Pe. franciscano , Manuel Pereira Gonçalves, Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações, onde se integraram, igualmente, os Franciscanos Capuchinhos e Conventuais. É certo que senti o conforto da minha condição de antigo aluno franciscano e de  ter residência permanente na cidade berço….

Muito cedo,  Francisco de Assis  viajou para o Médio Oriente onde os franciscanos se instalaram e começaram  a desenvolver a sua acção permanente na Terra Santa até aos dias de hoje. São Francisco teria visitado  os lugares santos entre 1219 e 1220. O Padre franciscano João Lourenço, Professor Universitário, Doutor em Teologia Bíblica, com obras publicadas, entre outras, sobre a Terra Santa, afirma que a presença permanente nos lugares santos é o que mais representa a universalidade da Ordem dos Frades Menores( OFM). E o antigo Comissário da Terra Santa em Portugal, igualmente franciscano, Padre António Silva, diz que é “uma epopeia de amor e de serviço”. É, na verdade, “uma graça poder celebrar a nossa fé nos lugares por onde Jesus passou”.

Os missionários franciscanos portugueses também chegaram à Ásia, nomeadamente ao Japão, à África portuguesa, Ocidental e Oriental, e ao Brasil, verdadeiros peregrinos do mundo!…

Tudo isto é consequência do papel pioneiro de São Francisco na missão “Ad Gentes” e das orientações sábias deixadas aos seus frades na Regra não- Bulada.

A implantação e desenvolvimento da Ordem de Santa Clara(2ª Ordem Franciscana), em Portugal, estudo muito  bem apresentado  pelo  franciscano Dom António Montes, Bispo emérito de Bragança e Miranda, foi acolhido com grande apreço pelos participantes nestas “Jornadas”.

Existem  diversos ramos e institutos religiosos dentro do Franciscanismo e ainda a Ordem Franciscana Secular(3ª Ordem) e alguns dos seus membros participaram activamente nas comemorações. Assim, sendo muitos  os homens e  mulheres que foram tocados pelo “Espírito de Assis” também são muitos os que alcançaram a santidade. Porém, o santo mais conhecido e querido do povo é, sem dúvida, Santo António, nosso compatriota…

….Proponho-me, então, concluir este modesto texto, afirmando que o grande e atraente carisma de Francisco consiste, acima de tudo, “na alegria e na liberdade de viver o Evangelho”, cumprindo o que Jesus disse, antes da Ascensão,  aos Seus Apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura….”

Maio de 2018

Alfredo Monteiro (antigo aluno franciscano)

 

 

 

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3 thoughts on “[:pt]Oito séculos da presença franciscana em Portugal e no mundo .[:]

  1. Parabéns Alfredo, pelo testemunho carregado de vivências passadas no seio dos Frades Menores da Ordem de S. Francisco. É nestes momentos que sentimos o fervor da mensagem aprendida, embalada pelos ventos que sopraram de Assis, devidamente registadas no Testamento do “Pobrezinho” que,numa luta constante com os poderes instalados na sua cidade nata, nos transmitiu o verdadeiro sentido da FRATERNIDADE…

    Um abraço fraterno, José Gomes

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