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Sexta-feira, Setembro 20, 2024

O  REGRESSO  ÀS  ILHAS – O MAR  E  A  TERRA (Parte 2)

Manhã cedo saudámos a segunda ilha mais populosa dos Açores, o Centro Histórico, património mundial da Unesco, e Angra, com o porto de mar mais importante à navegação europeia e as maravilhas naturais e surpreendentes do seu interior! Partimos, também, à descoberta dos principais povoados que se estendem pela faixa litoral e avistámos o Ilhéu das Cabras. Bem orientados por uma jovem guia visitámos museus, pudemos admirar o artesanato local e saborear a gastronomia tradicional; as lapas, o atum, a alcatra, servida em alguidar de barro, e as apetitosas queijadas!…

Parámos nos miradouros. E, ao longo das estradas, éramos despertados pelos símbolos da profunda devoção deste povo e  pelas festividades que caracterizam tão bela Ilha, os “Impérios do Espírito Santo”, motivo principal da atenção dos fiéis, entre o domingo de Páscoa e o Pentecostes.

A desafiar o mar eleva-se o Monte Brasil, formado por um antigo vulcão extinto, que subimos logo pela manhã do nosso primeiro dia na Terceira.

Desviados para o miolo do território, fixámos as cores e as caldeiras vulcânicas, as furnas de enxofre, a vegetação luxuriante e os campos verdejantes.

Saindo da Praia da Vitória para o interior deparámos com a geometria dos campos a recordar-nos uma manta de retalhos!

Do Miradouro da Serrinha avistámos o maior Ilhéu dos Açores. E com passagem pela Baía da Salga, lugar que se notabilizou pela célebre batalha com o mesmo nome quando, em 1581, os castelhanos tentaram conquistar a Ilha… Conta-se que uma heroica Mulher, “estratega militar”, abriu a “porta dos curros” aos seus bravos touros, “patriotas valentes”, que empurraram os atrevidos invasores para o mar!…

As Furnas do Enxofre e o solo avermelhado; o Algar do Carvão com visitas guiadas; ao descer a escadaria contemplámos a concentração de estalactites.

Que dizer das piscinas naturais dos Biscoitos?! Zonas balneares de escaleiras onde crianças e adultos se banhavam, a desafiarem um ou outro mais afoito do nosso grupo para o mergulho refrescante!

E como esquecer a “Queijaria da Vaquinha” onde, após a prova dos queijos de produção artesanal, nos abastecemos?!… De seguida, o roteiro histórico da Base das Lages.

Visitámos a Igreja da Misericórdia, o jardim do Duque da Terceira e o antigo Convento e Igreja de São Francisco-Museu de Angra do Heroísmo.

Já no último dia, de malas prontas, depois de acomodadas na recepção, confortados com um bom pequeno almoço, saímos a pé do hotel com destino à cidade de Angra do Heroísmo. Entrámos na Igreja do Divino Salvador, Sé Catedral, beneficiando de uma visita guiada e da participação na missa solene dominical, animada por um excelente orfeão e pelo aprumo dos militares que celebravam o dia da Unidade local. Terminado o almoço, regressámos ao hotel para levantar as bagagens e seguir para o aeroporto… Carregados de saudades, deixámos a Terceira, terra de resistência e vitórias, derrotando os invasores e as forças miguelistas nas lutas liberais. Terra de ilustres poetas e escritores, como Antero de Quental, Teófilo Braga, Vitorino Nemésio e Natália Correia…

Regressámos e, por mim, posso afirmar, mais ricos ao Continente. Em Fátima, o nosso “Ponto de Encontro”, apesar das horas tardias, ainda nos sobrou tempo para saudarmos a Teresa e o André, simpáticas e muito estimadas companhias, cantando, bebendo e comendo do bolo de aniversário!… Um lindo momento para reforçar a amizade, a solidariedade e a disponibilidade do grupo, valores continuamente manifestados ao longo de uma “semana maior”…

Para concluir esta crónica, sabendo da relevante presença franciscana nos Açores, e usufruindo e sentindo a beleza e riqueza destas ilhas, permitam-me que invoque São Francisco de Assis, o poeta da Criação e Irmão Universal que entendeu a Natureza como “uma linguagem na qual Deus fala connosco”.

“Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas; pelo Irmão Sol, belo e radiante; pela irmã água, preciosa e casta; pelo irmão fogo, vigoroso e forte. Pela irmã Terra que nos sustenta e produz frutos diversos, flores e ervas…” E pelas Hortências e Cedros do Japão, enfeitando as bermas das estradas e crescendo elegantes à procura do céu, e que, igualmente, nos falam do Criador…

Todos estas criaturas nos acompanharam na nossa memorável viagem ao longo das ilhas. E,  então, poderemos exclamar que, na verdade, foi grande a generosidade do Criador para que também, aqui, a “Natureza se excedesse” na sua beleza e riqueza…

Julho de 2024
Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)

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