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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

O  Magusto de S. Martinho dos Antigos Alunos Franciscanos, por Alfredo Monteiro

Umas dezenas de antigos alunos regressaram a Montariol, no dia 13 de Novembro, o sábado mais próximo da festa do santo, que anualmente celebram, para realizarem, como de costume, o tradicional Magusto de São Martinho. Mas quem é, afinal, este santo tão popular a quem, desde há séculos, o povo lhe associa as castanhas e o vinho? São Martinho, nascido no século IV, era filho de um oficial romano. O pai ao desejar que Martinho  seguisse também a carreira das armas , inscreveu-o no exército. Porém, não era essa a sua vocação! Aconteceu que, certo dia, quando montava o seu opulento cavalo, encontrou um mendigo no meio da estrada a pedir esmola. Sem demoras, o cavaleiro desembainhou a espada de guerra, não para ferir ou matar o “inimigo”, mas para, num gesto de elevada generosidade, oferecer metade da sua capa ao irmão nu! Diz-se que chovia copiosamente e um frio de rachar e que, milagrosamente, nesse momento, parou de chover! Daí nasceu a expressão o “Verão de São Martinho”!……

Esse encontro mudou radicalmente a vida de Martinho! Foi, depois, bispo de Tours, exercendo o seu múnus de pastor responsável. Faleceu aos 80 anos com fama de santo e, desde muito cedo, foi canonizado pelo povo. De todo o lado chegavam as notícias dos milagres operados por sua intercessão. Crescia naturalmente a devoção popular e, daí, começaram  as peregrinações ao seu túmulo. Em tempo de inverno, os romeiros, nas suas longas caminhadas, para se aquecerem assavam e comiam castanhas que acompanhavam com vinho…..

Foi o que este ano fizeram os antigos alunos franciscanos, durante a tarde de convívio desse sábado, após um bom almoço à moda do Minho. Como peregrinos, também alguns vieram de longe matar saudades. Ao contrário do ano passado em que  tivemos um “Magusto Virtual”, porque a pandemia atacava em força, o deste ano foi real; com rojões, caldo verde, castanhas e vinho e outros sabores….

Tarde soalheira. O “Irmão Sol” rompeu em força, a aquecer os corpos e as almas. Deu para caminharmos pela extensa mata, bem cuidada, de árvores centenárias que guardam muitos segredos e contam belas histórias…. Um pulmão vivo da cidade de Braga. Recordámos com nostalgia aqueles fins de tarde de verão em que cerca de 200 alunos, caminhando com o padre prefeito, rezavam os sete mistérios da coroa franciscana…. Actores neste cenário natural e deslumbrado com a beleza da Criação, invoquei interiormente uma lenda encantadora passada com Francisco de Assis e, como a querer imitar o Poeta da Natureza e Irmão Universal, ousei pedir às “irmãs árvores” que nos falassem de Deus!…..

Gratos à Fraternidade de Montariol cujo guardião, Frei Vinhas, nos acolheu com simpatia, amizade e fraternidade, e ao Frei Daniel Teixeira, assistente espiritual da nossa Associação, que connosco conviveu, vindo da Fraternidade de Coimbra.  São Francisco certamente que gostou de ver os seus “filhos do coração” a viverem a espiritualidade franciscana na “perfeita alegria”. E São Martinho, um dos santos mais populares, que foi generoso connosco, prolongando o “seu Verão”, como  fora com o pobre quando utilizou a espada  para cumprir uma das “Obras de Misericórdia”, vestir os nus, também se alegrou…

E, após esta intensa jornada de saudade e de memória, todos regressaram alegres  e em paz às suas terras…….

Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)

 

2 thoughts on “O  Magusto de S. Martinho dos Antigos Alunos Franciscanos, por Alfredo Monteiro

  1. Parabéns Alfredo, como sempre, o papel de “cronista”, envolve o teu espírito franciscano, tal como a capa do Guerreiro da Paz e Fraternidade , São Martinho.., Foi, de facto, uma jornada de confraternização e saudade pelos tempos em que calcorreamos as veredas da mata, ladeadas de árvores majestosas que guardam, até hoje, segredos e lamúrias dos muitos que a percorreram. Forte abraço, José Gomes

  2. Na esperança de que vos possa acompanhar no próximo ano, fica aqui o meu abraço fraterno.

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