Paradoxal:
não há paz no Natal,
segurança não há para ninguém
nem um segundo,
as guerras continuam em Belém,
as guerras continuam pelo mundo.
A gente não se entende,
hoje um botão se acende,
e basta um dedo,
sem dó, sem medo,
sem coração,
uma leve pressão,
e deste mundo louco
nada se salvará ou muito pouco.
Os homens não aprendem nada, nada,
pela estrada da História, repisada.
Como se não bastassem estas guerras,
surgiu, com a coroa infernal,
o rei da escuridão que arrasa terras
e quer apagar luzes de Natal,
privar de esperança e calma
famílias numerosas (ele sabe que são menos cautelosas),
matar o corpo após matar a alma,
em casas onde prendas são pistolas
metralhadoras, jactos, mísseis, PUM,
a guerra das estrelas nas consolas,
a sensação número um.
Mas a vida não é senão um jogo,
nessas guerras ninguém escapa ao fogo
para assistir à guerra das estrelas.
Estrelas morrerão – nós, antes delas.
Mas uma estrela brilha no oriente,
Pedindo ao homem para ser capaz
de lutar pelo que hoje é mais urgente:
saúde e paz.
Lauro Portugal, Associação dos Antigos Alunos Combonianos
Dezembro, 2020