Loading...

Sábado, Dezembro 21, 2024

NATAL – O PRESÉPIO, A FAMÍLIA E AS CRIANÇAS 

Chegados ao mês de Dezembro sentimos que o Natal está próximo. Este tempo que devia ser de Paz e de Fraternidade mas, com a loucura da guerra, em muitas partes do mundo, é violento, de morte e destruição. Porém, com Fé e Esperança os cristãos celebram a memória do Menino Jesus que nasceu em Belém. Deus nunca fica distante e, por isso, vem ao encontro dos homens. Podemos vê-Lo no rosto das vítimas frágeis e inocentes das armas e da fome, mormente, as crianças. Mas também no rosto dos pobres, dos enfermos e de todos aqueles que o mundo esquece e esconde…

Diz-se, e bem, que o Natal é a festa da Família e a alegria das Crianças que gostam de dar e receber prendas e de contemplar a ternura do Presépio. O Papa Francisco fala-nos do Presépio “… como um Evangelho vivo”. Desde a sua origem franciscana, construído na aldeia de Grécio, em 1223, por Francisco de Assis, “que é um convite a sentir, a tocar a pobreza que escolheu para Si mesmo o Filho de Deus na Sua encarnação…”

Este cenário, repito, evoca o nascimento de Jesus em Belém. Mas, infelizmente, a figura do “Pai Natal”, criada pelo marketing da Coca-Cola, nos anos trinta do século passado, aparece estranhamente muito antes do dia do aniversário, fora do tempo, impondo-se, face à publicidade agressiva, junto das famílias e, sobretudo, das crianças, pretendendo ocupar o lugar que tradicionalmente sempre foi do Menino Jesus! É o império do consumismo, da azáfama das compras. E acontece que entre a mesa cheia de comida e de embrulhos esquecemo-nos de parar e de contemplar o mistério de Deus que vem ao nosso encontro na fragilidade de um Bebé. “Tão frágil e pequenino que não damos por Ele”! Fechamos os ouvidos ao anúncio da “Boa- Nova” e aos cânticos dos anjos a dar glória a Deus e a anunciar a Paz na Terra aos homens de boa vontade e por Ele amados. Os pastores ouviram e correram apressadamente a adorar o Menino numa manjedoura com feno e nós corremos para os Centros Comerciais!

Em lugar da Paz celestial, na Terra coexistem dezenas de conflitos! O “Relatório de 2024 do Índice Global da Paz” é preocupante, dado o número recorde de guerras, muitas esquecidas, porque só nos dão, diariamente, as imagens dramáticas da Ucrânia e da Faixa de Gaza e, mais tarde, também do Líbano. A Fundação AIS – Ajuda a Igreja que Sofre, relata-nos testemunhos de dor e de sofrimento. Refiro, apenas, o caso de Burquina Fasso onde a vida da população é marcada pelo terror dos ataques jihadistas. Milhões de pessoas, particularmente cristãos, fugiram das suas casas, deixando tudo. As crianças são recrutadas como soldados! Cito o brado de uma família cristã: “O Natal está a aproximar-se e não temos sequer um grão de arroz”. Este grito de desespero pode multiplicar-se por milhares de cristãos, milhares de refugiados também nos lugares santos, na terra onde nasceu Jesus…

Deixem-me concluir, exortando as famílias cristãs, ao redor do Presépio, como lugar de encontro familiar, a falar às crianças do mistério da Natividade do Senhor. E, como São Francisco, num ambiente de encanto e ternura, revivendo o nascimento do Menino em Belém, a contar-lhes a verdadeira história do Natal. Porque, da nossa cultura e tradição acolhemos o Presépio com o Menino Jesus, Maria e José, o boi e o jumento e não o “Pai Natal”, vindo do frio da Lapónia no trenó puxado por renas…

Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)

4 thoughts on “NATAL – O PRESÉPIO, A FAMÍLIA E AS CRIANÇAS 

  1. Parabens Alfredo, sentir o frio dos momentos vividos pela criança, acabada de nascer há 2 mil anos, aquecida apenas pelo bafo das criaturas irracionais, mas repletas de carinho e sentimento solidário para com a pequena criatura acabada de nascer para a aventura que se iniciaria naquela gruta isolada e húmida rumo à pregação da doutrina que faz parte do nosso património religioso, é a mensagem que só um ser inspirado pode transmitir. Abraço fraterno e votos de Santo e Feliz Natal

  2. Subscrevo, caro Alfredo. Mensagem sentida e oportuno. Assim o mundo, alienado num consumismo desenfreado e irracional, ouvissem mensagens como esta. Boas Festas com o fraterno abraço do Manel.

  3. O NATAL, TEM UM SENTIDO INDIVIDUAL E COLETIVO MUITO PRÓPRIO. A sua vivência (para os que o vivem), é uma quadra afetiva, sentimental, terna, de tranquilidade, de carinho e de adoração. De alegria. E que assim seja. É a concretização da esperança do mundo, o início de uma promessa anunciada, a revelação do nosso Deus no mundo, princípio do mistério da criação, por excelência, que atinge o seu climax na cruz, ou melhor, na pedra rolada do sepulcro.
    Na realidade, o NATAL tem sido exibido cada vez mais ao mundo (e às nossas crianças) como um negócio, um comércio, um desmando total – tudo menos aquilo que é. E nós, Cristãos, embarcamos neste embuste como se não soubéssemos o que é o verdadeiro Natal.
    Mas não é novo: lembremos que há dois mil anos, o Menino nasceu num estábulo porque ninguém o quis receber. E foram mandadas matar muitas crianças. Ou seja, o Principe da Paz nasceu em tempo de guerras, desastres, destruição.
    É o que temos hoje. Guerras, destruição, ateísmo; CRISTO TEM DE NASCER OUTRA VEZ E SEMPRE NO CORAÇÃO DOS CRISTÃOS, NO CORAÇÃO DO MUNDO. É preciso Natal.

  4. Dou os parabens pelo artigo; graças a Deus ainda há quem saiba apontar a realidade.Nos hoje estamos num mundo completamente desumananizado.
    O mundo materializou-se e os nossos pastores têm andado a dormir e a seguir o deixa correr.
    Esperemos que Cristo volte depressa para normalizar esta nosssa sociedade

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *