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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Sinodalidade, caminho permanente de renovação

O caminho sinodal, que agora entra na fase da consulta às comunidades locais através da constituição de grupos sinodais, começou de forma inovadora num primeiro contacto da Secretaria do Sínodo com as Conferências Continentais, seguindo-se igual procedimento com outras instâncias da Igreja, nomeadamente, a Cúria Romana, as Conferências Episcopais, as Organizações de Leigos e a Vida Consagrada.

Desta auscultação resultou a opção por uma consulta alargada a todo o Povo de Deus, pois, desejando ouvir, o melhor é começa pela base. Aliás, é este o sentir do Papa Francisco; ele deseja que o processo de escuta seja real e verdadeiro, que se ouça toda a gente e não apenas uma elite clerical ou laical; e pede que não se reduza a consulta a uma formalidade, mas que se envolva o maior número possível de pessoas.

A intenção do Papa é que se conheçam e enfrentem os problemas, e se possam encontrar soluções. Para tanto, será necessário escutar com humildade e falar com serenidade, pois descer à raiz de cada situação não é fácil nem cómodo. Muitas vezes ficamos “pela rama”, ou seja, a falar de consequências, sem atender às causas, mas se não chegarmos até elas, não encontraremos a cura; e esta só se encontra caminhando juntos, em Igreja.

É neste processo de escuta e discernimento que entra o episódio bíblico de Cornélio e Pedro (Act 10,1-11,18), a convidar-nos à renovação e à conversão de mentalidades. Pedro foi criticado por comer com os pagãos…, pondo em causa a estrutura religiosa judaica. Pedro enfrentou a incompreensão do seu próprio povo porque compreendeu que o Espírito Santo lhe estava a pedir que fizesse essa mudança radical.

No discernimento de Pedro, o Espírito diz-lhe para estar aberto aos pagãos. Hoje, também Ele nos convida a estarmos atentos à realidade envolvente, para sabermos compreender o que Deus Pai nos quer dizer e que caminhos de saída nos está a propor…

O Documento da consulta, com os seus dez núcleos temáticos e as perguntas que os acompanham, aponta-nos outros tantos caminhos de reflexão; não tendo que responder a todas elas, pois o seu objectivo primeiro é fazer-nos entrar na dinâmica sinodal, o importante é que nos envolvamos neste processo de revisão de vida da nossa comunidade e da Igreja.

Enquanto chamados a pôr em marcha um estilo de vida mais condizente com a fé que professamos, capaz de acolher a novidade dos nossos tempos e iluminá-la com a alegria do Senhor Crucificado e Ressuscitado, é forçoso reconhecer que não importa tanto o fim do processo – porque ele nunca estará concluído –, quanto o darmos-lhe início, abrindo-nos à acção do Espírito Santo em nós e nas nossas comunidades.

Sendo assim, o Sínodo dos Bispos 2023 será só a primeira de muitas outras etapas da sinodalidade do Povo de Deus, qual nova consciência e paradigma de ser e viver em Igreja! Neste caminhar juntos e juntos discernindo o caminho a fazer, ninguém está a mais, e a Igreja precisa da colaboração de todos.

P Armindo Janeiro

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