Não é de agora…, somos um pouco assim, temos dificuldade em enfrentar a realidade: mais facilmente pensamos em impor-lhe as nossas pretensões e deslumbramentos do que aceitamos seguir realisticamente as possibilidades que ela nos oferece.
Mas a produção de uma realidade alternativa tem limites e quando eles são desconsiderados e negados, pagamos todos e pagamos caro, a começar pelos mais frágeis! Nestes dias, diariamente, as vítimas são às centenas…
E valem pouco ou nada as palavras que ouvimos, sobretudo de quem tem/precisa de falar, apresentando argumentos para justificar o que fizemos/não fizemos, porque a realidade fala por si…
Mas não é só, num cinismo e indiferença atrozes de quem parece habitar noutra realidade, discute-se a morte assistida no Parlamento quando ela entra, sem ser “a pedido”, nos hospitais, lares, casas particulares…, dizimando vidas e trazendo sofrimento indizível às famílias!
Quando faltam profissionais de saúde e aos que temos faltam meios para assistir à vida dos doentes, o Parlamento discute colocar profissionais de saúde a assistir à morte – “a matar a pedido”…, eles que existem para cuidar da vida!
Em vez da morte, não era melhor ver o nosso Parlamento a cuidar da vida de todos os doentes, proporcionando aos que estão nos derradeiros momentos da sua vida o suporte humano e técnico adequados?
Em vez da morte, não era melhor ver o nosso Parlamento a preocupar-se com os meios humanos e materiais necessários à vida de todos os doentes, com ou sem covid?
Em vez da morte, não era melhor o nosso Parlamento acompanhar a organização dos meios disponíveis do país no combate à pandemia, superando querelas porque quem perde são os portugueses?
Um pouco de mais humildade e organização, um pouco menos de ideologia e insensibilidade, para salvar o maior bem da Comunidade: a vida de todos nós!
P. Armindo Janeiro, Presidente da Direcção da UASP
Plenamente de acordo. Há que remar contra a maré!
Parece-me não haver palavras para enfrentar este atentado.
Somos vítimas, mas também cúmplices silenciosos de mais um atentado á vida
Os paradoxos de uma sociedade à procura de rumo que condena o que defende. Portugal o primeiro a abolir a pena de morte e é o quarto a deixar matar.