Sentimos que o Natal está próximo. O tempo é de Paz e de fraternidade, do encontro de Deus connosco, que não quis ficar lá distante, e de nós com Deus. Apesar da pandemia, teimosa e agressiva, regressa a Esperança de caminharmos e estarmos juntos. Neste intenso itinerário do reencontro podemos construir horas de solidariedade e de partilha. Todos somos chamados a cuidar daqueles que o mundo esconde e esquece, escutando o clamor dos que mais sofrem. Assim, podemos ver o Menino Jesus no rosto dos pobres, dos enfermos, de todos os que necessitam de ajuda. A nossa proximidade, os nossos abraços solidários, as nossas ofertas ficarão gravadas na memória de todos os homens de boa vontade.
Diz-se, e bem, que o Natal é a festa da Família e a alegria das crianças que gostam de receber prendas e de admirar o encanto e a ternura do presépio. O Papa Francisco fala do Presépio “…como um Evangelho vivo. De modo particular, desde a sua origem franciscana, o Presépio é um convite a “sentir”, a “tocar” a pobreza que escolheu, para si mesmo, o Filho de Deus na Sua encarnação…”
Deixem, então, que vos conte, caros leitores, a linda história do primeiro presépio. Para tal, consultei as “Fontes Franciscanas”, Tomás de Celano, biógrafo de Francisco de Assis. Na aldeia de Grécio, na véspera de Natal, noite de 24 de Dezembro de 1223, Francisco viveu de modo admirável o nascimento do Menino. Quis celebrar a missa, numa gruta, simbolizando o mais real possível o nascimento de Jesus em Belém. Descobriu essa gruta na floresta de Grécio. Então, colocou no seu interior um jumento e um boi e espalhou feno no chão onde reclinou a imagem do Menino Jesus. De cada lado do berço ficaram as imagens de Maria e José. Neste ambiente de encanto e de ternura ergueu o altar para a santa missa que tanto desejava. Deste modo, ali se honrou e exaltou a pobreza e se elogiou a humildade. Neste cenário natural, de alegria e simplicidade franciscana, revivendo o Natal de Belém, participaram os pastores, os frades, chamados de muitos lugares, o povo e os senhores da região. Com velas e tochas iluminou a noite. O bosque fez ressoar as vozes e as rochas responderam aos que se rejubilaram. Os irmãos cantaram, rendendo os devidos louvores ao Senhor e a noite inteira dançou de júbilo. Francisco contemplava o presépio e suspirava cheio de piedade e de alegria. E, assim, de Grécio se fez uma nova Belém! No fim desta maravilhosa celebração, Francisco, sentindo e vivendo a perfeita alegria, falou a todos…
Conhecendo, agora, a graça das origens, neste Natal construamos, também, o nosso Presépio, como lugar de encontro familiar. Habituei-me, desde há muitos anos, a deslocar-me, com tempo, à minha aldeia, lá distante, entre o Minho e Trás-os-Montes, e aí colher, nas fragas da tapada, o musgo com que construímos o presépio da família. As figuras artesanais que o animam são muito antigas, uma herança valiosa dos nossos antepassados!
Como afirmei no início desta mensagem natalícia, no Natal celebramos, também, a festa da família com a alegria das crianças. Da nossa cultura e tradição cristã recebemos o Presépio com o Menino Jesus e não o Pai Natal, vindo do frio nórdico da Lapónia, puxado por renas. Assim, deixo aos mais pequenos, como prenda simbólica, esta minha quadra:
…Dos pequeninos a Fé
É do tamanho do Céu,
Procuram na chaminé
O que o Menino Jesus lhes deu…
Alfredo Monteiro (AAAFranciscanos)
Mais uma vez, o Natal alimenta o espírito dos bafejados pela graça da harmonia vivida nas grandes histórias que perduram para além da nossa breve passagem pela vidas do proximo. Solidariedade é a mensagem forte retirada do texto do Alfredo. Um abraço, com votos de Santo Natal.,J Gomed
Não sei se foi o texto, ou o seu contexto, que me encantou. Creio que foi a soma dos dois que me comoveu. Obrigado ao Alfredo Monteiro cujos escritos transbordam de humanismo e espiritualidade. Com a devida vénia, aproveitarei a sua sensibilidade e com as suas palavras saudarei os antigos alunos carmelitas nesta quadra Natalícia. Obrigado!